Mascote 'incentivou" pais a voltar a marcha azulejar
Se o filho de Fedra Maurício e Rúben Oliveira não fosse uma das mascotes deste ano da Marcha de São Vicente, é provável que o casal residente em Queluz (Sintra) não voltasse a desfilar, em 2013, pelo típico bairro alfacinha. "É um sonho tornado realidade", desabafa a lisboeta, que, tal como o companheiro, há alguns anos que não participava no concurso, por razões profissionais.
O momento é especial, não estivesse a história da família intimamente ligada à participação dos jovens no conjunto organizado, desde 1934, pela Academia Recreativa Leais Amigos. "Conhecemo-nos na marcha", começam por contar. "E o nosso filho foi concebido numa saída da marcha. Fomos a Lamego [fazer uma exibição] e ela engravidou", acrescenta Rúben, 28 anos, a poucos minutos de se iniciar mais um ensaio na Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário.
"Temos ali os arcos. A força é sustentá-los. Tenham cuidado: sempre é menos uma hipótese que há de cederem", alerta o ensaiador, Reinaldo Ventura, apontando para as estruturas em tons azul e branco, que apenas no sábado serão reveladas, no MEO Arena (antigo Pavilhão Atlântico). "Primeiro, pensámos como queríamos os arcos e os figurinos e achámos que o azulejo entrava muito bem", explica o responsável pelo conjunto que tem como tema "São Vicente desenhado a azulejo." Além disso, lembra Bruno Santos, "há um painel" homónimo, do século XV, ainda que pintado a óleo.
"Entrem neste", grita o coreógrafo, a voz a sobrepor-se à música que ecoa no recreio da escola primária, perante a reticência dos marchantes em passar nos arcos que utilizam pela primeira vez. "Lá, a roupa não vai prender", garante Reinaldo Ventura, o nervosismo evidente, aqui e ali, perante a aproximação da competição a sério.
"Vocês são irmãos de causa e a causa é a Marcha de São Vicente", incentivara no início do ensaio, um passo na luta por um bom lugar. "Ficarmos melhor do que no ano passado [11.º] já era bom. O bom era ficar nos sete primeiros", estima Bruno Santos, também presidente da coletividade.
Padrinhos: Melânia Gomes e Hélder Agapito